Por estar mais do que na hora de encararmos o sofrimento de frente, com o real interesse de conhece-lo, verificar como funciona, como age em nós, no nosso cotidiano, como nos afeta e ao mundo à nossa volta. Investigarmos seriamente se é possível eliminá-lo ou, ao menos, aprendermos a não sofrer com ele.
A presença da dor entre nós, seres humanos, é um fato. Física ou psicologicamente, ao longo da vida, vários acontecimentos afetam nosso bem-estar e despertam sensações doloridas, desconfortáveis. Algumas vezes com intensidade leve, que podem passar despercebidas. Outras, a ponto de parecerem insuportáveis.
Se lançarmos um olhar sobre a história conhecida da humanidade, veremos que isto acontece há muitos milênios, tanto individual quanto coletivamente. Frustrações, decepções, separações, relações neuróticas, acidentes, fatalidades, mortes, guerras, ódio entre pessoas, raças, povos, e tantas outras coisas mais vêm promovendo imenso sofrimento.
Civilização após civilização nossas relações pessoais e coletivas seguem pautadas pela cartilha da narrativa do sofrimento. Elas têm sido construídas, e consequentemente nossas sociedades, sobre as bases do sofrimento e acabamos nos acostumando com sua presença a ponto de considerá-lo fator inerente à vida.
Viver passou a ser uma constante luta para evitar o sofrimento, para fugir dele, afastá-lo de perto de nós. A questão é que quanto mais fugimos, mais ele se intensifica, inclusive nas camadas mais profundas da nossa consciência, atuando a partir dali de forma mascarada. A atual agonia coletiva para ser feliz, ter prazer, e o bélico ativismo para fortalecer as identidades pessoais a partir da culpabilização e negação do outro, considero exemplos disso. Teorias e ideologias de segregação são elaboradas a partir do medo e atuam pelas narrativas de sofrimento.
Observando as relações mundo afora vemos que quanto mais tememos o sofrimento, mais violentos nos tornamos. Seja material, conceitual ou ideologicamente erigimos muros, cercas, divisas. Segregamos, afastamos, cerceamos pessoas, povos, raças. Construímos fictícias ilhas de segurança e para mantê-las desenvolvemos armas e procedimentos de guerra física e psicológica. Assim, vive-se em constante estado de alerta, pois qualquer um, a qualquer momento, pode se tornar o inimigo que ameaça a “sacrossanta segurança”.
O temor gera violência que gera sofrimento que gera mais temor que gera mais violência que gera mais sofrimento... Uma estrutura mental coletiva viciada, condicionada. Um cruel estilo milenar de se abordar o viver e o conviver. O mais assustador é que geração após geração continuamos educando nossas crianças e jovens sem nos darmos conta do quanto tal base narrativa é fragmentária e fomenta a belicosidade.
Estamos testemunhando o quanto viver em um ambiente assim tem complicado o bem-estar das relações, e repito, pessoais e coletivas, potencializado o aumento de desequilíbrios psíquicos, desenvolvido a indústria do medo e aumentado os níveis de ansiedade e angustia no viver cotidiano.
E se a causa sofrimento não for o fato em si, aquele que causou a dor, mas a forma como contamos para nós mesmos e para os outros a história sobre tal fato e a dor causada? E se a ideia de que sofremos só existir a partir do momento em que elaboramos a narrativa para contar a história sobre o que nos aconteceu? Seria então ficção, literatura pessoal ou coletiva, apenas? Será uma cruel narrativa a partir da qual conceitualizamos algoz e vítima, desenvolvemos punições e recompensas, fragmentamos as relações humanas, dividimos a sociedade atiçando-a para o “nós contra eles”, para as fobias sociais, para uma existência cada vez mais neurótica, paranoica, egóica, esquizofrênica e cegamente submersa no sofrimento?
Para tal investigação se faz necessário liberdade, Liberdade Criativa, que é qualidade de inteligência que favorece insights mais abrangentes, que desmascara velhos padrões e condicionamentos mentais, clareando problemas e desmascarando medos, conflitos e sofrimentos.
A Oficina SOFRER OU NÃO SOFRER, EIS A QUESTÃO! é um mergulho, a partir da Liberdade Criativa, na investigação do sofrimento, com o intuito de desmascarar sua cruel narrativa e angustiante presença em nossas vidas.
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