Pois então, lição de casa para os tempos atuais e os não atuais: ler ou reler "Discurso da Servidão Voluntária" (Etienne de la Boétie), "A Banalidade do Mal" (Hannah Arendt) e "A Genealogia da Moral" (Friedrich Nietzsche).
Ah, tem alguém anterior a esses, reverenciado por milhões (talvez bilhões), que, dizem, há uns 2.000 anos proferiu: Amai-vos uns ao outros (ponto). E também tem alguém que antes de partir há alguns anos, dizia: O ideal, quando sai do coração e vai para a cabeça, vira ideologia. Aí, fudeu!!!" (Elke Maravilha).
Ok, dirão, mas esses textos e falas não resolvem a merda nem aliviam a indignação sentida. Sim, não aliviam nem resolvem. Por quê? Porque indignação é reação, e se gera ação, esta contém o indigno gérmen do ressentimento; e merda, bem, forçoso dizer, pois é fato constatado pela história afora: os integrantes da horda de humanos "demasiado humanos" (ainda!) tem no odor da merda, em sua textura e em seu "gosto", o escatológico prazer que os motiva sentirem-se "atuantes" na vida e "agentes" do viver (belo viver neste nosso mundo afora, hem!).
Pensando aqui, chego a ter o riso provocado diante das lindezas Boétie, Arendt, Nietzsche, Cristo e Elke..., pois, diante da caótica sinfonia da horda humana, parecem ingênuos tolinhos; como se "prestassem" apenas para acaloradas discussões de botecos, comitês, saraus acadêmicos ou não, imprensa e redes sociais.
“Mas vós, por favor, não vos indigneis”, diria Brecht, essas são apenas reflexões de um humano eremita, que, da margem do caudaloso, confuso e tormentoso rio Conflito, observa a si e à massa demasiada humana em sua insistência em exaurir músculos e nervos (e belezas) na busca de manter cabeças acima da superfície do turbilhão dos agônicos medos e desejos que constituem as águas tormentosas, sem nunca sequer cogitar que a almejada paz se faz presente nos bosques às margens do rio, que, visto dali não se chama Conflito, mas Ignorância.
O eremita sente agora, nele, as lágrimas do Príncipe Mishkin e o sorriso de Forrest Gump, companheiros de margem deste momento.
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